Bestas
CAPÍTULO X
CAÇA COM ARCO E BESTA
REGRAS BÁSICAS
− O caçador não deve atirar sobre animais em movimento, dado não conseguir garantir a localização do impacto, mesmo “correndo a mão”.
− Ao disparar, os animais devem encontrar-se a uma distância máxima de 30 metros, dado acima desta distância ser falível o disparo; com efeito, os movimentos do animal e mesmo certos factores externos – vento, pequenos ramos e o ruído do disparo do arco ou besta – poderão contribuir para errar o alvo ou para afugentar a peça de caça.
− O caçador não deve tentar disparos demasiado localizados, como por exemplo apontar à coluna vertebral, ao pescoço, ao cérebro e veia femoral que são locais bons apenas para o tiro de carabina.
− O caçador deverá apontar para a cavidade torácica por ser o local onde se encontram o coração e os pulmões, órgãos vitais de qualquer animal. Mesmo um impacto menos bem localizado poderá atingir o fígado e provocar uma morte rápida.
− Tanto quanto possível, o caçador deverá só fazer disparos garantidos.
Na caça em geral e especialmente na caça maior existe a chamada regra de ouro que consiste em “rematar” um animal ferido tão rapidamente quanto possível e com faca ou, em caso de perigo para o caçador, com outra flecha ou virotão. Na ética do arqueiro-caçador não é correcto que um animal ferido seja rematado com arma de fogo.
MEIOS DE CAÇA
Na caça com arco ou besta não é permitido o uso de flechas e virotões:Envenenados ou portadores de qualquer produto destinado a acelerar a captura dos animais; Com pontas explosivas, com barbelas ou com farpa.
− No exercício venatório às espécies de caça maior com arco ou besta, é obrigatório que a ponta da flecha ou virotão esteja munida de duas ou mais lâminas convenientemente afiadas (tipo lâmina de barbear) com uma largura mínima de corte de 25 mm.
− Fora do exercício da caça, ou de actividades de carácter venatório apenas é permitido o transporte de arco ou besta quando devidamente acondicionados em bolsa ou estojo, com excepção dos casos de deslocações entre locais de espera, desde que a distância entre eles não exceda 100 metros.
− As pontas de caça maior devem ser protegidas por aljava.
− No exercício da caça deve-se usar a arma e o projéctil adequado para cada tipo de caça:
Caça maior – arco ou besta mais potente com os projécteis equipados com ponta de caça maior;
Caça menor – poderá reduzir a potência do arco ou besta, mas utilizando a ponta adequada a cada caso, ou seja ponta de impacto para aves, coelho e lebre e ponta de caça maior para a raposa.
Em qualquer dos casos devem ser sempre utilizados arcos com potência superior a 35 libras e bestas com potência superior a 125 libras.
NORMAS DE SEGURANÇA
− O caçador nunca deve esquecer que uma flecha ou um virotão são tão letais como uma bala.
− Apontar sempre em direcção segura e no caso de existir uma colina ou outro tipo de obstáculo elevado nunca disparar de forma a ultrapassar o seu topo.
− Nunca disparar na vertical, pois na sua queda a flecha ou o virotão atingem velocidades que podem ser mortais.
− É obrigatório o uso da aljava para proteger as pontas de caça, não devendo nunca o caçador transportá-las ou saltar obstáculos com flechas ou virotões fora da aljava só as devendo retirar quando tiver intenção de disparar.
− O caçador só deve armar o arco ou a besta próximo do local do disparo.
− No caso do caçador utilizar besta, esta só poderá ser usada se possuir patilha de segurança, que só será desactivada no momento do disparo.
− O arqueiro-caçador deve inspeccionar o equipamento com frequência, não devendo este ser utilizado quando apresentar fissuras ou desgaste excessivo.
CAPÍTULO XI
CAMPOS DE TREINO DE CAÇA
As associações de caçadores, clubes de canicultores, clubes de tiro e as entidades titulares de zonas de caça podem ser autorizadas a instalar campos de treino de caça para proporcionar aos caçadores e outros utilizadores a prática de actividades de carácter venatório, durante todo o ano.
Nos campos de treino pode ser autorizada a prática das actividades de carácter venatório seguintes:
− Exercício de tiro com arma de fogo.
− Exercício de tiro com arco.
− Exercício de tiro com besta.
− Treino de cães de caça.
− Treino de aves de presa.
− Corricão
− Realização de provas de cães, de Santo Huberto ou outras similares
− Formação ou avaliação de indivíduos inscritos para exame de carta de caçador, quando inseridas em curso aprovado pela Direcção-Geral dos Recursos Florestais.
A utilização destes campos de treino só é permitida aos caçadores que possuam todos os documentos legalmente exigidos para o exercício da caça, com excepção da licença de caça.
Os exemplares mortos em campos de treino de caça, para poderem ser transportados fora do período venatório da respectiva espécie ou, dentro do período venatório, quando ultrapassem em número os limites diários de abate estabelecidos para a espécie em terrenos cinegéticos não ordenados, devem ser devidamente marcados.
Nos campos de treino de caça são permitidas competições desportivas envolvendo a utilização de animais quando realizadas sob controlo das competentes confederações, federações ou associações e no estrito cumprimento dos respectivos regulamentos.
Só é permitido efectuar largadas – libertação de exemplares de espécies cinegéticas para captura no próprio dia – em campos de treino de caça, excepto durante os períodos venatórios das espécies utilizadas.
Fora do período venatório para as espécies de caça menor, só é permitido o abate de espécies cinegéticas criadas em cativeiro.
Nas largadas é permitida a utilização de pombos.
Os utilizadores dos campos de treino de caça e as entidades que gerem os mesmos devem assegurar a recolha dos cartuchos vazios.
Capítulo XII
CÃES DE CAÇA
O cão foi um dos primeiros animais a ser domesticado pelo homem. Ao longo de gerações foram feitos cruzamentos, fixando e melhorando os caracteres de acordo com as necessidades e objectivos a alcançar, chegando aos nossos dias cerca de quatro centenas de raças das quais dez são portuguesas.
As raças portuguesas estão vocacionadas para desempenhar diversas funções:
Cão de pastor: Serra de Aires
Cão de guarda:Serra da Estrela,Castro Laboreiro,Rafeiro do Alentejo,Fila de S. Miguel
Cão de caça:Podengo português - grande, médio e pequeno,Perdigueiro português
Existe ainda o cão de água que primitivamente auxiliava os pescadores, mas é actualmente
utilizado como cão de companhia.
ALGUMAS RAÇAS DE CÃES DE CAÇA
Podemos considerar que existem, entre os cães de caça, raças que estão mais vocacionadas para a caça de espécies cinegéticas de pêlo (mamíferos) e outras para a caça de espécies cinegéticas de penas (aves). Se cada cão caçar as espécies para que foi seleccionado, o seu rendimento será sem dúvida superior.
Todo o cão deve funcionar de acordo com o estalão de trabalho da sua raça, e isto só poderá ser exigido a cães de raça pura. Um cão de raça indefinida, não tem nem estalão de trabalho, nem morfológico e nunca poderá ser um cão de caça para um fim determinado.
Além disso, todos os cães de raça indefinida têm limitações o que geralmente não acontece com as raças puras pois há uma aturada selecção de reprodutores. Quando o caso permite o aparecimento de um bom cão de caça cruzado, não há possibilidades de prolongar as suas qualidades nas gerações futuras e por isso se deve sempre pugnar pela pureza das raças.
Os galgos são considerados em Portugal cães de caça, ao contrário do que acontece noutros países. O galgo mais utilizado e o inglês dada a sua velocidade e poder de arranque. É utilizado na caça à lebre a corricão.
CÃES ADAPTADOS A CAÇA DE ESPÉCIES CINEGÉTICAS DE PÊLO
Das raças portuguesas (ver páginas a cores), os podengos são os cães mais adaptados a este tipo de caça o podengo grande é um cão de boa corpulência, seco e bem musculado, de cor amarela, castanha ou fulva malhada, de pêlo liso ou cerdoso e orelha direita. Cão de movimentos ágeis e velozes, bom pisteiro, bate bem em matos e estevas e é muito aguerrido. Esteve quase extinto, mas hoje encontra-se em fase de recuperação por ser particularmente indicado para a caça ao javali.
O podengo médio é um cão de corpulência média, de cor amarela, castanha ou fulva malhada de orelha direita e de pêlo liso ou cerdoso. Embora o seu solar seja o norte do país, encontra-se espalhado por todo o território nacional. Cão excelente para bater matos e silvados,cobrando por vezes bem e em todo o terreno, de movimentos rápidos e velozes, pistando bem a caça menor, muito aguerrido e incansável no seu trabalho, é o cão preferido pela maioria dos caçadores portugueses para a caça ao coelho, pelo que é vulgarmente designado por coelheiro.
O podengo pequeno é muito semelhante ao podengo médio, mas bastante mais pequeno,
pelo que é mais utilizado em silvados do que em matos e estevas.
Também adaptados a este tipo de caça existem muitas outras raças não portuguesas das
quais destacamos algumas mais conhecidas entre nós.
Os terrier são cães de pequeno ou médio porte, malhados de castanho ou preto, de pêlo
liso ou cerdoso. O mais comum é o fox terrier, destinado à caça de mamíferos de médio porte, sobretudo raposa, embora também possa caçar coelhos quando devidamente treinado.
Os baixotes são cães de pequeno porte, com os membros anteriores e posteriores curtos e de tronco muito comprido; têm orelha caida, pêlo liso ou cerdoso e podem ser malhados de preto, castanho ou cinzento. Destinam-se sobretudo a seguir pistas de sangue de caça maior; no entanto, caçam bem ao coelho entrando com facilidade em silvados e matos densos devido à sua configuração morfológica. São lentos, mas persistentes no seu trabalho
O fox-hound é um animal de porte médio, orelha caída,malhado de castanho ou preto que
caça bem em matilha e é usado nas equipagens
Os beagle são cães de pequeno porte, malhados de castanho ou preto de orelha caída dotados de bom nariz,que podem ser um precioso auxiliar na caça ao coelho sendo embora pouco utilizados entre nós
CÃES ADAPTADOS À CAÇA DE ESPÉCIES CINEGÉTICAS DE PENA
A raça nacional mais adaptada a este tipo de caça é o perdigueiro português. É um cão do tipo bracóide, quadrado, de tamanho médio, de pêlo curto e liso, de cor amarela ou castanha unicolor ou malhado. Como cão de caça, e de facto o mais bem adaptado ao nosso clima, aos nossos terrenos e à nossa perdiz. Bate o terreno minuciosamente a galope,alternando com trote caça curto e é teimoso na procura. Tem excelente nariz,caça sempre de cabeça alta, pata firme e cobra bem, com segurança e rapidez. Muito dócil e submisso,tem condições para poder ser o cão preferido pelos caçadores portugueses.
Das raças não portuguesas destacamos seguidamente algumas das mais conhecidas.
O braco alemão é um cão de boa corpulência, de pêlo liso ou cerdoso, de cor castanha ou preta, por vezes de fundo branco com malhas pretas ou castanhas e mosqueado das mesmas cores de orelha caída. De galope enérgico, cabeça alta, excelente nariz ,pára largo e firme,cobra bem quer em terra quer na água. O mais conhecido entre nós é o braco alemão de pêlo liso.
O épagneul breton é um cão de médio porte, de pêlo comprido, liso ou ondulado, de fundo branco com malhas castanhas ou pretas ou as duas em simultâneo (tricolores), por vezes mosqueado das mesmas cores. Caça bem a caça de pena, com uma busca rápida e enérgica, de galope típico e persistente, de cabeça alta e nariz apuradíssimo, o que lhe permite paragens largas e firmes; cobra bem em terra e na água. E o cão preferido pelo caçador da cidade devido à facilidade de alojamento e transporte e ainda à sua docilidade.
O pointer é um cão grande, de pêlo liso, com fundo branco e malhas castanhas, limão ou pretas e mosqueado da mesma cor das malhas. Cão de galope enérgico, cabeça alta, cruzando à frente do dono a grande velocidade e captando as emanações a grande distância, parando com uma firmeza extraordinária (golpe de espada); é um cão para planície, onde pode pôr em acção toda a sua energia, rapidez e nariz. Não sendo um cão para tirar de ferido, cobra em terra ou na água quando ensinado.
Os setter, cães de tamanho médio e de pêlo comprido, dividem-se em três raças:
O setter inglês, apresenta fundo branco com malhas castanhas ou pretas e mosqueado
das mesmas cores. E um excelente cão de parar que busca a galope rápido e de cabeça
alta. Possuidor de um bom nariz, pára com muita firmeza,cobra bem quer na água quer
em terra.
O setter irlandês de cor de fogo, é um bom cão de caça,que busca e galopa rápido com a cabeça no enfiamento da linha dorsal. Tem bom nariz e cobra bem quer na água quer em terra, quando ensinado.
O setter gordon, cão de cor preta e afogueada, é o de galope mais lento. Busca bem, pára bruscamente e com firmeza, cobrando bem quando ensinado.
Os cocker e os retriever, cães pouco utilizados entre nós, são usados para cobrar e para perseguir caça ferida, em especial de pena.
ENSINO DO CÃO DE CAçA
O ensino do cão de caça é essencial para que ele se torne um útil auxiliar no exercício venatório. É necessário ter em conta que, tal como já foi referido, há dois tipos de caça diferentes - de pêlo e de pena - para os quais devem ser utilizadas raças também diferentes
CÃES PARA CAÇA DE PÊLO
O ensino destes cães começa cedo, ao desmame, sensibilizando-os para este tipo de caça mostrando-lhes as espécies cinegéticas
Logo que esta fase de educação esteja concluída e o animal mostre "paixão'',é altura de ematilhar e levar ao campo, ao local adequado (campo de treino) para que a saída com os cães mais velhos não seja traumatizante, nem o seu condutor esteja preocupado com a caça,mas sim com as primeiras reacções dos cães: como se enquadram na matilha' como
reagem ao chamamento e ao "maticar" dos quitadores de matilha como entram no mato como reagem ao esbarrar com a primeira peça de caça
Na altura da caça já o cão novo deve estar ematilhado e saber o que vai fazer. A experiência virá com os anos e com a caça mas se for um bom cão ao ano e meio já promete e aos três anos será mestre.
CÃES PARA CAÇA DE PENA
O treino de cães de caça para espécies de pena deve iniciar-se às seis semanas altura em que se faz o desmame
O escolhido da ninhada começará o treino de conhecimento. Com a idade, o cão terá que fazer "perna e pata" e, a partir dos seis meses, poderá ir ao campo se já obedecer às vozes do dono ("pára","senta", "deita","volta", "fica", etc.).